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Blog da Arco Informática

04 de Julho de 2017 - 09h33

O que é o ether, nova moeda virtual que cresceu 4.000% em seis meses e ameaça o bitcoin

Empreendedores veem em divisa eletrônica oportunidade para obter financiamento sem abrir mão de controle sobre negócio.

Reprodução
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Se na véspera do Ano Novo você tivesse comprado um ether por US$ 8 (cerca de R$ 26), hoje você poderia vendê-lo por US$ 340 (cerca de R$ 1.135).

Até dois meses atrás, o ether era apenas uma das mais de 762 criptomoedas que circulam na web - divisas virtuais que permitem realizar operações difíceis de serem rastreadas e que podem ser trocadas por dinheiro no mundo real.

O bitcoin surgiu nos últimos anos como principal referência no mercado de moedas digitais e segue como o mais valorizado, cotado a US$ 2.693,91 (cerca de R$ 9.000) por moeda.

No entanto, não é o único que está se beneficiando da procura por criptomoedas. Basta ver o exemplo do ether.

Desde o início do ano, a cotação do ether aumentou 4.250%, tornando-se a segunda moeda virtual mais valorizada no mercado, de acordo com o portal de comparação de dinheiro digital CryptoCurrency Market Capitalizations.

Mas, entre tantas opções, por que escolher o ether?

Restrições de uso

Diferentemente de outras criptomoedas, o ether está ligado a uma plataforma chamada Ethereum e só pode ser usado dentro dela.

O Ethereum, lançado em agosto de 2014, é um software que deve ser baixado e permite fazer aplicações descentralizadas ou do tipo dapps - ou seja, via aplicativos que operam "exatamente como os programas, sem possibilidade de interrupção, censura, fraude ou interferência de terceiros", nas palavras da associação suíça que regula a Fundação Ethereum.

A plataforma usa a tecnologia blockchain, conhecida pela segurança e discrição.

Ambos os atributos são considerados ideais para a criação de mercados digitais.

É possível, por exemplo, dar instruções de como você deseja movimentar certos montantes, no caso do euro superar a libra, e a plataforma se encarrega de que isso aconteça sem necessidade de intervenção humana.

Ether x bitcoin

Mas operar no Ethereum não ocorre de graça e o custo deve ser pago em ether.

Cada ação que a máquina executa pelo usuário tem um preço. De acordo com a fundação, a cobrança garante que os dapps criados na plataforma sejam de qualidade.

Durante a maior parte de 2015, o valor de ether não ultrapassou US$ 1.

De volta à véspera do Ano Novo, se você tivesse analisado as cotações passadas para decidir se valia a pena comprar ether, provavelmente teria desistido.

Na ocasião, 91,3% do mercado de criptomoedas era dominado pelo bitcoin, seguido pelo ripple (2,8%) e litecoin (2,15%). O ether representava apenas 1%.

Mas o quadro mudou: a fatia do bitcoin no mercado foi reduzida para 39,8%, enquanto a do ether subiu para 28,5%.

Segundo Garrick Hileman, historiador econômico da Universidade de Cambridge e da London School of Economics (LSE), há três razões para essa mudança.

"A primeira é que o bitcoin parou de inovar. A moeda está atingindo sua capacidade plena e está gerando debate sobre como aumentar essa capacidade", explicou Hileman à BBC.

O segundo motivo se refere às características "sofisticadas" do Ethereum, que permitem projetar esses dapps.

O mais importante, no entanto, é que os empreendedores descobriram as vantagens oferecidas pelo Ethereum para conseguir financiamento: a Oferta Inicial de Moedas (ICO, na sigla em inglês).

Novas criptomoedas

A ICO nada mais é do que uma forma de crowdfunding (financiamento coletivo): um empreendedor divulga sua ideia, cria uma criptomoeda e a vende para conseguir o dinheiro que tornará seu negócio realidade.

A vantagem para as startups é que, diferentemente de outras formas de financiamento, quem compra as moedas não recebe ações da futura empresa em troca.

O que eles ganham então? No futuro, quando a empresa estiver operando, o investidor poderá trocar sua moeda virtual por dinheiro real.

Mas por que você precisa do ether? Para comprar a criptomoeda criada pela startup.

"É por isso que a imprensa não escreve sobre isso, é muito complicado!", afirma Hileman.

De acordo com o professor, a ICO pode ser feita com qualquer moeda virtual, inclusive bitcoin. Mas a vantagem de usar o ether é que ele já vem com uma plataforma ideal para esse tipo de transação.



No caso das outras moedas, você precisa procurar onde fazer a ICO.

O ápice foi na semana passada, quando a startup Bancomar arrecadou US$ 144 milhões em poucas horas.

"As pessoas estavam especulando que a Bancomar criaria uma plataforma tão grande que o preço da moeda aumentaria fortemente", conta Hileman.

"As ICOs não são ilegais, mas não estão regulamentadas", lembra o professor sobre algo que pode representar um risco.

"Há ceticismo e dúvidas se as empresas que já fizeram vão devolver o dinheiro ou se essas ICOs estão arrecadando cifras demasiadamente altas", explica.

No momento, a expectativa é de que o espírito empreendedor faça o valor do ether continuar a subir.


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